Parte Um; 1 - A esquisita da família.

Já parou pra pensar que nem tudo o que está ao nosso redor é como gostaríamos que fosse? Quer dizer... Em livros, filmes, novelas e seriados as coisas sempre são perfeitas, sempre existe o “final feliz”, mas na vida real as coisas são bem diferentes. Pelo menos comigo. Meu nome é Lucia tenho 14 anos e estou na 8ª série. E vou provar a você como a vida pode ser surpreendente a cada segundo.
Pra começar preciso te contar um pouco sobre mim e minha vida. Eu moro com minha tia e a minha prima, os meus pais morreram quando eu tinha sete anos, junto com o marido da minha tia. Eles morreram num grave acidente de carro e nenhum dos passageiros conseguiu resistir. Desde então moro com a minha tia, sou bolsista em um dos melhores colégios do estado. Mas se você acha isso legal o fato de eu estudar num colégio bom, então saiba que você está errado (a), por que minha prima, Cristina, também estuda lá e ao contrário de mim ela não é bolsista minha tia, Valéria, paga todas as mensalidades em dia, mas pra mim ela diz que é bobagem. Trabalho na loja dela, numa loja de roupas que é muito bem frequentada por todas as patricinhas da escola. Além de trabalhar à tarde, estudar de manhã de noite faço as minhas lições de casa e as lições de Cristina que nunca sabe fazer nada e geralmente sempre ouço broncas da minha tia no jantar dizendo que não faço nada. Não seria bom uma amiga pra me ajudar a sair um pouquinho desse mundinho que eu vivo? Bem, acho que seria uma coisa maravilhosa, mas nem isso eu tinha. Todas as pessoas se interessam apenas em serem amigar da popular e bela Cristina, mas vai por mim o que ela tem de bela por fora tem de nojenta por dentro.
Resumindo; a minha vida até aqui é totalmente ferrada! Só tem aparências, e já me perguntei por muitas vezes “Quantas pessoas não vivem assim, de aparências?” Quantas pessoas não andam por aí com um sorrisão estampado na cara, quando na verdade choram por dentro? MUITAS! Só que eu já sou meio que o oposto disso tudo, desde a morte dos meus pais eu não era uma pessoa simpática e a cada dia que se passava eu era menos simpática ainda! Então você já pode imaginar como era, né? Não tinha amigos, não conversava com ninguém e não era simpática. Eu era a esquisita da família. Com certeza. Mas pode ter certeza de uma coisa, nunca deixei de sonhar no dia em que eu sairia disso que me rodeava para viver uma vida normal. Ou quase normal.